Se tivermos a oportunidade, o feliz acaso de conhecermos o seu interior, teremos um caminho aberto à descoberta.
Uno.
Lemos o livro, ouvimos a música, viajamos.
Feliz de quem possa ouvir música com as palavras de poeta, navegar por caminhos de conhecimento, sendo esse acervo, uma porta intrigante e de ponderado acesso.
Como eu gosto destas noites inebriantes,que quase me sufocam, em que nem um aragem se atreve e só se ouve o sangue das artérias. Levito entre a Lua e o silêncio, escuto os batimentos do meu peito no desassossego, retomando a calma.
Bebo uma tisana fria, perfumada, sentada no chão da varanda...dizem que de noite todos os gatos são pardos, embora eu não acredite, escuto o latir do cão sozinho, afugentando o vulto das sombras.
Sombras indecifráveis na noite clara, mansa e doce de verão.
Resisto ao impensável, ao inimaginável...talvez porque seja isso que sei fazer de melhor : resistir.
Olho-me e não consigo encontrar respostas para tanta pergunta. Olho o céu rasgado de palavras não escritas.
Parte integrante da minha identidade são as memórias que guardo. Olhas-me, sem compreender o que vês. Estranhamente solitária na multidão, numa clausura espiritual sem grades...
Jamais seria capaz de viver atrás das grades afastada do mundo, numa vida de oração. Oh Deus perdoa-me mas eu seria a pior das tuas monjas de qualquer convento. A minha clausura é vivida no meio de tanta gente, mas a minha identidade é algo de integro, entre o sagrado e o profano, são memórias que partilho aqui e ali... a vós leitores basta unir os fios (palavras) que vou deixando.
"Na vida de hoje, o mundo só pertence aos estúpidos, aos insensíveis e aos agitados. O direito a viver e a triunfar conquista-se hoje quase pelos mesmos processos por que se conquista o internamento num manicómio: a incapacidade de pensar, a amoralidade e a hiperexcitação."
Sou muito simples. Não tenho suficiente jogo de cintura para malabarismos circenses. Não sou de coleccionar grandes comentários a alardear cultura livresca e de vida fora da realidade dos dias. Vejo, leio e sinto ou não. Concordo ou discordo mais ou menos num silêncio de prata. Não tenho um alfabeto cínico.
Sei que muitos daqui (blogues) são cúmplices doces dali... não me incomoda o suficiente para os enviar para a terra do nevoeiro...
Ando por aqui quando tenho tempo e gosto de visitar amigos que me acrescentam pela qualidade do que escrevem ou pelo bom gosto das músicas e das escolhas fotográficas. O resto é paisagem, com picos e abismos.
Às vezes nem a memória é redentora nem as flores nos salvam.