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voos de mulher

E ela não passava de uma mulher... inconstante e borboleta. [Clarice Lispector]

domingo, leituras

29.08.21 | voosdemulher

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Domingo.
Tempo de estender os braços. Espreguiçar...
Deixo cair o livro já na ponta final de leitura. Há mais à espera. Logo mais ainda, porque este ano voltei à Feira do Livro.
Não gostei. Fica a tipíca sensação de uma vulgar feira, com pavilhões onde nos cruzamos com todo o tipo de gente, onde a linguagem por vezes nem sequer é polida...
Prefiro deambular pelas livrarias! São sensações mais aconchegantes e genuínas.

geometrias

27.08.21 | voosdemulher

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Pintura de Miró 

Ângulo obtuso 
numa qualquer geometria,
linhas que se tocam,
um breve ponto,
uma larga abertura.
Talvez se estreitem,
timidamente se encolham,
ou rasguem horizontes 
e docemente se deitem.

Um canto, uma esquina,
uma inclinação,
uma perspectiva,
uma posição relativa,
um homem, uma mulher,
o bidimensional da vida.

Entre teoremas, postulados,
triângulos de Pascal,
isósceles, escalenos,
ficam-nos as formas,
disformes, múltiplas,
vazias ou plenas,
etéreas, fluidas,
voláteis, não contidas,
exacerbadas emoções,
fica a dor encaixotada,
a solidão embrulhada 
com nós de melancolia  
ficam as almas errantes,
insubmissas, teimosas. 

 

tantos, tantos sonhos guardados

25.08.21 | voosdemulher

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Entre o tédio e o fastio,
fui limpar as estantes,
tirar um por um 
cada livro, perdido 
no esquecimento 
do tempo.
Tocá-lo, sacudir 
a poeira dos anos,
acariciar as memórias,
a cada título,
a cada dedicatória.
Olha este,
oferecido pelo João,
comprado pela Maria.
Outro ainda,
proibido, surripiado 
numa velha livraria.
Tantos, tantos 
sonhos guardados,
revoltas infindas,
estórias, moldes 
que me fizeram.
Sem tédio e sem fastio 
arrumei as minhas estantes,
naveguei por caminhos 
libertários, errantes,
vi a vida a andar 
depressa, devagarinho,
aos tropeções, caindo,
levantando,
sempre levantando 
num passo certo 
constante.
 
Teresa Matos 

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