Hoje, lembro 9 de Novembro de 1989, do lado da Alemanha, Berlim. Cai o muro.O muro que apartava o mundo caía. Desfazia-se a cortina que dividia como morte. Uma terra sem amos, uma terra sem muros, uma terra fraterna...A realidade histórica segue a mostrar que o ódio constrói/destrói , mas o amor também destrói/constrói . Que outra construção diferente da que foi e da que tem sido prevaleça.
Caiu o muro...aquele muro. Vieram outros, subtis, disfarçados em nome da democracia. Talvez mais perigosos.
Fico-me pela utopia de uma terra com igualdade e responsabilidade social mas também em que cada um de nós tem de contribuir para o colectivo.
Tudo o que nos resta é o futuro, dizias-me baixinho. E eu pensava tudo o que nos resta é o presente. O futuro é demasiado vago. O futuro é um horizonte para onde se caminha às apalpadelas. O futuro é um lugar onde não há ninguém.
O verde da mancha tapando insónias, e a sua transparência liquefazendo a ternura acumulada. As cores das palavras, onde todas as matizes são possíveis para o meu olhar.
Isto não passa dum puzzle. Mas isto, o quê? A que peças te referes? A que imagens? A que sons? A que cheiros? Sei lá. Talvez a estas inconsistências de sentir as coisas no seu fim. Os pingos de chuva por exemplo. Encaixam. Molham. Limpam.
Esta humidade outonal tanto embacia os olhos como aviva as cores. Acho que não gosto desse puzzle.
Fins? Isso dói. Gosto desta continuidade distendida a contemplar o mar, os caminhos, as folhas caídas ou não. Difícil encaixar peças. Afinal a chuva molha mais do que limpa. As coisas escorregam e não há portais que as sustenham. Puzzles!!
Isso é como abraçar? Encaixar corpos e sorrisos com pingos de chuva e lágrimas e tudo. Com ou sem medo? Sem medo, caramba...