Flor nascida cá em casa. Para alegrar este fim de ano e preencher o vazio que me trazem as ausências. Por este tempo, a água ensopa a terra. As vides, que não foram podadas, são cabelos soltos, sem trança. Os galhos frios choram. Só os dióspiros e as laranjas resistem e alegram. E eu aqui a esticar os dias, na espera sem objecto determinado. Um raiozinho de sol entrou pela vidraça, sempre com aquele aceno de primavera futura. É preciso acreditar, parece dizer e sorrio.
Mas em quê? Para além da Natureza, há alguma coisa passível de admirar?
Haverá, haverá, mas é tão difícil depurar, separar o trigo do joio, abraçar sem medo, perder - se de encanto e de prazer... tão difícil, mas não impossível. O inverno é um instante necessário, digo-me para me convencer da viagem interior ridente e do enlace das vides soltas sem trança.
A esperança é uma irmã muito forte e costuma trazer consigo a luz que falta.
Esta é a minha maneira de vos desejar um Feliz 2022.
Com esta oração a Nossa Senhora, sem árvore de Natal, luzinhas ou outras imagens... desejo a todos os amigos deste blog, aos que passam por acaso um Santo Natal de paz e amor.
Celebrem em família, quem pode.
Partilhem...sejam solidários com alguém ... esse pode ser a prenda mais bonita que dão a um coração desacreditado da vida.
Tempo de Advento, uma espécie de sopro do passado na natureza fecunda. Gosto dos frutos de Inverno. Umas bolinhas vermelhas para acompanharem o frio e os galhos nus. Algumas têm espinhos visíveis, convenientes apêndices defensivos a lembrar aos incautos que os segredos da vida são essenciais à sobrevivência.
O ponto em que nos encontramos hoje é o a soma de todas as decisões e ações que tomámos todos os dias que vivemos até hoje.
Como somos humanos, é muito natural não acertarmos sempre.
Acredito que a “sorte” somos nós que a fazemos, por estarmos preparados e darmos passos quando a oportunidade surge. E ainda que não controlemos o que acontece no mundo, é só nossa a decisão de como reagimos, dos passos que damos, e da importância que lhe atribuímos.
Também estou 100% convencida que tudo o que nos acontece na vida é porque precisamos dele - mesmo aquilo que não queremos - para sermos capazes de aprender aquilo que precisamos de aprender na vida que nos trouxe de volta a este mundo.
O que os meus olhos viram nesta manhã fria deste inicio de dezembro, não tem nada para além do que é normal, diriam esses críticos sérios .... Mas não é verdade. Hoje, vi campos verdes, floridos, no meio da solitária estrada que me trazia a casa. Parecia a primavera com sol de outono e humidade nos olhos. Quando olho, gosto de me deixar ficar para ali a pensar. Talvez mais a sentir. Este caminho, quase deserto, é uma espécie de reserva sagrada em oferta que a vida traz. Um pagamento de viagens secretas, de coisas que nunca são o que parecem ou se desejam, ou sei lá mais o quê... Mas...fica sempre um mas, parecem dizer as árvores densas ou o risco branco do céu como se fosse uma estrela restante da noite, cadente.