Feliz 2022
Flor nascida cá em casa. Para alegrar este fim de ano e preencher o vazio que me trazem as ausências. Por este tempo, a água ensopa a terra. As vides, que não foram podadas, são cabelos soltos, sem trança. Os galhos frios choram. Só os dióspiros e as laranjas resistem e alegram. E eu aqui a esticar os dias, na espera sem objecto determinado. Um raiozinho de sol entrou pela vidraça, sempre com aquele aceno de primavera futura. É preciso acreditar, parece dizer e sorrio.
Mas em quê? Para além da Natureza, há alguma coisa passível de admirar?
Haverá, haverá, mas é tão difícil depurar, separar o trigo do joio, abraçar sem medo, perder - se de encanto e de prazer... tão difícil, mas não impossível. O inverno é um instante necessário, digo-me para me convencer da viagem interior ridente e do enlace das vides soltas sem trança.
A esperança é uma irmã muito forte e costuma trazer consigo a luz que falta.
Esta é a minha maneira de vos desejar um Feliz 2022.